quinta-feira, fevereiro 16, 2006

Ana Santa Clara -"não esperes por mim para jantar"

este é um titulo de um livro que á muito devia estar escrito - o manual didáctico para amantes.Comecei agora a ler o livro e a espectativa é grande, mais a mais tendo em conta a amiga que o recomendou.O enquadramento sociológico da "mais antiga divisão do mundo." como lhe chama a autora. deixou-me água na boca. É extenso! É verdade! Não nos podemos esquecer que é escrito por uma mulher e todos nós sabemos como pode ser dificil ir directamente à questão.Aqui vai na integra esse enquadramento. (Desabafo: Espero que algures no conteudo do livro ensine a vantagem do engolir)

"ENQUADRAMENTO SOCIOLÓGICO DAS AMANTES«A mais antiga divisão do mundo.»Desde que se institucionalizou a monogamia e o casamento, elas apareceram. Uma não existe sem a outra. E a discussão não tem fim. Repito a questão inicial e fundamental: qual o melhor papel, o de esposa ou o de amante?A História, o cinema e a literatura dão-nos diferentes visões, consoante os interesses em causa (e, quem sabe, consoante a experiência do autor):- Umas vezes, a esposa é a vítima amargurada e a amante a megera destruidora de lares,- Enquanto, noutros casos, a amante é a apaixonada e injustiçada sofredora, sendo a esposa a cruel e chantagista dominadora.Deixem-se de coisas!! Pode existir algum sofrimento nestas histórias, mas também existem muitas vantagens. E para todos os envolvidos!Quantas vezes não é a amante que rejuvenesce um homem, que estava completamente hibernado numa rotina matrimonial?Quantas vezes, por nossa causa, ele não passa a dar mais assistência em casa? Seja por sentimento de culpa, seja porque lhe avivámos 1 memória dos saborosos instintos animais, há muito renegados.Quantas vezes não somos nós que lhe trazemos a alegria de volta, e até o fazemos ficar «mais interessante»?Quantas vezes a adrenalina deste amor aos pedaços não transborda para a sua vida profissional, recordando-lhe ambições perdidas e dando-lhe a energia vital para as perseguir?Digam lá, quantas vezes não somos nós que trazemos a cor a uma vida, e até a um casamento?Nem todas somos a pérfida Mónica Lewinsky!Ou a sofredora Marilyn Monroe!E também nem todas somos a paciente Camila Parker-Bowles, agora duquesa da Cornualha.Também existem milhares de amantes que, ao longo da História e dos séculos, motivaram tratados a influentes políticos, impulsionaram negócios a ricos magnatas e inspiraram obras a sensíveis artistas.Algumas amantes são destruidoras de lares, mas outras são animadoras de carreiras!Devidamente enquadrada a tão injustiçada função, há que entender as suas raízes sociológicas. Porque é que existem estas histórias a três?Pois bem, basicamente por uma grande e simples razão: porque não há homens que cheguem para todas!E porque eles escasseiam, e todas temos o direito de sonhar com um príncipe encantado, por vezes somos obrigadas a tomar emprestado o de outras, roubando um bocadinho.Ou porque acreditamos que atrás da primeira fatia do bolo virá o resto, ou porque a carência é demais e só um bocadinho já é alguma coisa, melhor do que nada!Se duvidam, basta atentarem ao que dizem as estatísticas.Existem 51 % de mulheres no planeta e também sabemos que eles morrem mais cedo, o que só significa... que somos sempre nós que sobramos.(Aqui abro um parêntesis para referir uma interessante teoria que ouvi recentemente: constatado este facto, foi descoberto que os casamentos ideais são entre uma fêmea quarentona - ainda para mais a fase em que a mulher está mais pujante - e um macho de vintes - por acaso, também a sua fase mais «dinâmica». Deste modo, existem mais garantias de terminarem juntos. Ou melhor, de terminarem a vida ao mesmo tempo, não continuando a encher os lares só de velhas sós.)Depois das estatísticas, que dão sempre muito jeito quando nos são favoráveis, importa olhar a História (é bem e fica bem, dá-me um ar culto e legitima muita coisa):Há para aí uns vinte mil anos, uma mente iluminada lembrou-se de acabar com a poligamia então (e sempre, acrescento eu) vigente. De certeza um invejoso qualquer, um gajo feio como os trovões (e devia ser mesmo muito feio pois os homens, há vinte mil anos, eram todos feios como o caraças), que não tinha nada enquanto via o vizinho da caverna ao lado com um farto harém.Então, resolveu dar a volta ao bico do prego (os homens são peritos nesta arte) e pregar que a monogamia é que era moral. Há sempre um camelo que prega e muitos milhares de camelos que o seguem, e ele, já que não tinha a fêmea a bem, passou a tê-la a mal. Ou seja, passou a tê-la por puras contas de dividir.Entretanto, passaram-se uns séculos e milénios e outra mente iluminada, mais um daqueles caramelos que gostam muito de pregar quando a vida não lhes corre lá muito bem, resolveu que o bom mesmo era legalizar as uniões monogâmicas. Para ficarem bem amarrados (e ele não se arriscar a perder a sua), nada como um papelinho passado e uma cerimónia pública onde se comprometem «até sempre» e «até que a morte os separe» (vejam bem como o homem tinha medo de perder a sua).Ora, esqueceram-se todos (ou não lhes interessou recordar) que, ao longo dos tempos, vários tinham sido os ciclos da civilização humana com uma (muito) maior população feminina vs uma (muito) menor espécie masculina.Aconteceu há setenta mil anos, em África, aconteceu há cinquenta e cinco mil anos, na Ásia, aconteceu há quarenta mil anos, na Europa ... e acontece agora, no Mundo!, logo agora que eu reencarnei mulher.Como se não bastasse esta injusta e preocupante desproporção, e por um mistério que ainda não consegui resolver (mas que deixo para a minha prima Ana Santa Clara, sempre tão atormentada por esta questão), os gays alastram, o que é hoje uma verdade facilmente constatada. .Em resumo, sobram muito poucos homens. Como disse acima, não chegam para todas!Então, o que é que querem? Temos mesmo que os dividir!Queiram ou não (e eu, no lugar das oficiais também não queria e tudo faria para que isso não acontecesse, mas isso sou eu, que sou egoísta e já tenho muitas manhas), só nos resta assumir o velho princípio cristão da partilha: dividir os homens.Usá-los a meias! Mas ora tu, ora eu, uma de cada vez, porque isto é um tema sério e não a apologia de badalhoquices!Depois desta introdução, que considero muito pertinente, até para dar à questão o seu real enquadramento, há outra que se impõe: quando é que se dá essa divisão?Ou seja, a partir de que momento nós, mulheres, nos colocamos à direita do macho (o lado oficial) ou à sua esquerda (o lado sentimental) ?Outro mistério que ainda não descodifiquei.Mas que tem um momento na vida em que se revela.Como que um «instante decisivo», em que somos divididas... em esposas ou amantes. Que pode ser um estatuto temporário ou permanente, mas que é real. Nalguns casos é um episódio fortuito e noutros dura uma vida inteira, repetindo-se a história, caso atrás de caso, homem atrás de homem. É um karma? São os genes?Seja o que for, nestas histórias do bolo partilhado, o homem tem sempre o papel mais passivo (ou, continuando na linguagem da pastelaria, o do comido) sendo, no entanto, aquele que mais goza a situação.Duvidam? Então vejam lá comigo: De quem é a culpa? Quem está a roubar ou a enganar?- Não a esposa, cujo maior e grande pecado é estar desatenta. Não completa o seu macho e não controla o seu marido.- Não a amante, que se limita a aproveitar a situação e não anda a enganar nenhum dos outros dois.- É do homem, pois então! O macho, abusador por natureza, que quer sempre mais e goza com as duas, mentindo a ambas (embora seja certo e sabido que sempre nos mente um pouco menos a nós).Queridas, mesmo quando eles fazem o papel de vítimas estão a mentir. Não caiam nessa! Com este livro, as amantes vão aprender a exigir todos os direitos que têm, e as mulheres a descobrir as carecas dos seus maridos.Porque, se as mulheres são as mais extraordinárias fingidoras, quando estão apaixonadas tendem a perder a sua capacidade de perspicácia e a cair em todas as esparrelas masculinas. Até aquelas que começaram por ser amantes e se tornaram em legítimas.Portanto, importa conhecer os nossos direitos. E exigir! Porque eles gozam a dobrar e, já diz a sabedoria popular, «quem goza tem que pagar».Então, companheiras (que colegas são as putas, e camaradas não me dá muito jeito), vamos a isto!

"Título: Não esperes por mim para jantar
Autora: Ana Santa Clara
Editora: a esfera dos livros

3 Comentários:

Anonymous Anónimo disse...

Este mundo anda cheio de maus-cabroes tu no entanto daria de certeza um bom cabrão Gato!

Fred

02 março, 2006 11:10  
Blogger Gato Lik disse...

Fred...deixa-me adivinhar ....também és Lampião e Cabrão esclarecido.

02 março, 2006 11:26  
Anonymous Anónimo disse...

engano teu Gato, esses gajos que circulam de antenas no ar com grandes mulheres são por habito grandes paneleiros.

21 dezembro, 2006 16:15  

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